Agora leia o trecho do livro História do Brasil, de Boris
Fausto:
(...) Nas últimas
décadas do século XVIII, a sociedade mineira entrará em uma fase de declínio,
marcada pela queda contínua da produção de ouro e pelas medidas da Coroa no
sentido de garantir a arrecadação do quinto. Se examinarmos um pouco a história
pessoal dos inconfidentes, veremos que tinham também razões específicas de
descontentamento. Em sua grande maioria, eles constituíam um grupo da elite
colonial, formado por mineradores, fazendeiros, padres envolvidos em negócios,
funcionários, advogados de prestígio e uma alta patente militar, o comandante
dos Dragões, Francisco de Paula Freire de Andrade. Todos eles tinham vínculos
com as autoridades coloniais na capitania e, em alguns casos (...) ocupavam
cargos na magistratura. José Joaquim da Silva Xavier constituía, em parte, uma
exceção. Desfavorecido pela morte prematura dos pais, que deixaram sete filhos,
perderá suas propriedades por dívidas e tentara sem êxito o comércio. Em 1775,
entrou na carreira militar, no posto de alferes, no grau inicial do quadro de
oficiais. Nas horas vagas, exercia o ofício de dentista, de onde veio o apelido
de algo depreciativo de Tiradentes.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp,
2001. p. 115.
Glossário:
Quinto: Imposto cobrado pela Coroa portuguesa durante o
período colonial, recebeu este nome pois correspondia à quinta parte do ouro
extraído, ou seja, 20%. Dragões: Tropas militares de grandes prestígios durante
o período colonial que cuidavam tanto da defesa interna quanto externa do
território. Magistratura: Cargo do magistrado, aquele que exerce uma função
política no governo, detendo autoridade.
Alferes: Oficial de baixa patente nas forças militares no Brasil.
1- De acordo com trecho do texto do historiador Boris
Fausto e das informações da capa do jornal responda as questões a seguir:
a) Como era a situação da sociedade mineira no fim do
século XVIII?
b) Quais os
motivos teriam motivado o grupo descrito por Boris Fausto a se revoltar contra
a Coroa? Quais seriam suas “razões específicas de descontentamento”?
c) Como Tiradentes se diferenciava dos demais
inconfidentes?
Disponível em:
https://nova-escolaproducao.s3.amazonaws.com/BdYBaq7NYjHuJrvdPxyaUGcPd5Nap6NdmbyDQRf6DJ8gpQGMGjCB97GsbCvr/trecho-do-livro-historia-dobrasil-de-boris-fausto.pdf
Acesso em: 23 de abr. de 2020. (Adaptado)
Você já ouviu falar em conjuração Baiana?
A conjuração Baiana (1798) é também conhecida como
Revolta dos Búzios, tipo de concha utilizada em religiões de matrizes
africanas, que foi um elemento de identificação dos seus integrantes.
Disponível em:
https://beduka.com/blog/materias/historia/resumo-da-conjuracao-baiana/Acesso
em: 27 de abr. de 2020. (Adaptada)
2-Com as informações contidas no quadro anterior vamos
fazer um levantamento preliminar da conjuração Baiana?
a) Que outros nomes esse movimento tem?
b) De acordo com a
imagem, quem são as pessoas referidas como heróis?
c) O que podemos
entender com o enunciado: “Heróis de Búzios”?
d) Qual seria a
causa defendida por estes heróis?
e) A Conjuração
Baiana, também chamada de Inconfidência Baiana ou Revolta dos Búzios, não é tão
conhecida como outros movimentos de revolta como a Inconfidência Mineira.
Baseados na observação da imagem, respondam qual fator pode ter levado a este
“esquecimento”?
CONJURAÇÃO
BAIANA
A Conjuração Baiana foi uma revolta de caráter
separatista e popular, que ocorreu na Bahia em 1798. Seus principais objetivos
eram: o fim do pacto colonial com Portugal, a implantação da República, a
liberdade comercial no mercado interno e externo e a liberdade e igualdade
entre as pessoas (eram favoráveis à abolição da escravidão). A Conjuração
Baiana, também chamada Inconfidência Baiana, foi um movimento de caráter
separatista ocorrido no ano de 1798, na então Capitania da Bahia. Este
movimento ficou conhecido também como a Revolta dos Alfaiates pois a grande
maioria dos membros que participaram da revolta exerciam essa profissão.
Diferente da Inconfidência Mineira, ocorrida em 1789, o movimento baiano
possuía caráter popular, sendo composto, em sua maioria, por escravos, negros
livres, mulatos, brancos pobres e mestiços que exerciam as mais diferentes
profissões, como alfaiates, sapateiros, pedreiros, entre outras ocupações.
Causas Em 1763, a capital do Brasil foi transferida para o Rio de Janeiro. Com
tal mudança, Salvador, antiga capital, sofreu com a diminuição dos recursos
designados à cidade. Juntamente, o aumento da taxa de impostos e exigências
pioraram radicalmente as condições de vida da população local. Com isso, a
população de Salvador começou a sofrer com a falta de certos mantimentos, que
consequentemente elevaram os preços dos produtos e alimentos fundamentais para
a sobrevivência que estavam disponíveis. A população estava cada vez mais
inconformada. Além disso, o povo também não estava satisfeito com o governo de
Portugal e a ideia do Brasil se tornar independente ganhava cada dia mais força
na população. Eventos como a independência dos Estados Unidos, a independência
do Haiti e a Revolução Francesa acabaram ocasionando na capitania baiana a
disseminação dos ideais de liberdade e igualdade, causando euforia em uma
pequena parcela de toda a população que residia em Salvador. As ruas de
Salvador foram tomadas pelos inconfidentes que distribuíram folhetos
informativos a fim de obter mais apoio popular e incitar a revolução. Os
panfletos traziam pequenos textos e palavras de ordem, com base no que as
autoridades portuguesas chamavam de “abomináveis princípios franceses”. Os
principais líderes da Conjuração Baiana foram: Os alfaiates João de Deus do
Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira; O médico Cipriano Barata,
conhecido como médico dos pobres e revolucionário de todas as revoluções; Os
soldados Lucas Dantas de Amorim Torres, Luiz Gonzaga das Virgens; O
farmacêutico João Ladislau de Figueiredo; O professor Francisco Barreto.
O Fim da
Conjuração Baiana O governador da Bahia D. Fernando José de Portugal e Castro,
recebeu a denúncia, feita por Carlos Baltasar da Silveira, de que os
conspiradores estariam reunidos em Campo de Dique, no dia 25 de agosto. O
coronel Teotônio de Souza foi encarregado pela Coroa portuguesa de flagrá-los.
Muitas pessoas conseguiram fugir, mas 49 pessoas foram presas, entre elas três
mulheres, nove escravos, porém a grande maioria era composta de alfaiates,
barbeiros, soldados e pequenos comerciantes. Os envolvidos na Conjuração Baiana
que eram de classes sociais mais baixas tiveram condenações mais duras. Manuel
Faustino, João de Deus Nascimento, Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas
foram executados e esquartejados. As partes de seus corpos foram espalhados
pela cidade de Salvador, com o intuito de demonstrar autoridade e reprimir outros
possíveis movimentos de conspiração. Disponível em:
https://beduka.com/blog/materias/historia/resumo-da-conjuracao-baiana/ Acesso
em: 27 de abr. de 2020.
3- Vamos ver se você compreendeu direitinho a Conjuração
Baiana. Para isso responda as questões a seguir.
a) De acordo com
o texto, quais foram as causas que motivaram este movimento?
b) Qual a origem
social dos membros da revolta?
c) Qual foi o destino de seus líderes?
d) Qual era um dos principais recursos utilizados pelos
inconfidentes para divulgação das ideias do movimento e obter mais apoio
popular e incitar a revolução?
4- Os panfletos
traziam pequenos textos e palavras de ordem, com base no que as autoridades
portuguesas chamavam de “abomináveis princípios franceses” o trecho em destaque
está se referindo a qual princípio iluminista?
5- Para encerrar
essa atividade observe a bandeira da Revolta dos Búzios e a bandeira da França:
Bandeira da Conjuração Baiana Bandeira de França
A inscrição em latim "surge, nec mergitur"
significa "apareça e não se esconda" (Foto: Manu Dias/Divulgação)
Disponível em:
https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/bandeira-emhomenagem-a-revolta-dos-buzios-e-hasteada-na-praca-dapiedade/
Acesso em 27 de abr. de 2020.
A bandeira azul, branca e vermelha foi criada em 1794, no
contexto da Revolução Francesa, que tinha por lema “Liberdade, igualdade e
fraternidade”.
Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/France#/media/File:Flag_ of_France.svg
Acesso em: 27 de abr. de 2020.
a) Há semelhanças entre a bandeira da Conjuração Baiana e
da França. Vocês sabem quais são? Acham que isso pode indicar uma influência da
Revolução Francesa no movimento baiano? Se sim, qual?
b) A quem poderia
estar se referindo a expressão em latim "surge, nec mergitur"
("apareça e não se esconda") no contexto da Revolta de Búzios?
c) Esta expressão
pode ser inspiradora ainda nos dias atuais? A quem?
Disponível em:
https://novaescola.org.br/plano-de-aula/5452/a-conjuracao-baiana-e-suas-relacoes-com-a-revolucao-francesa
Acesso em: 27 de abr. de 2020. (Adaptada)
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